Matérias produzidas durante as eleições

Matérias produzidas durante as eleições

Louca, doida, maluca: misoginia domina ofensas a candidatas nessas eleições

Na primeira análise do MonitorA em 2022, a prática misógina de associar candidatas à loucura, histeria ou doenças mentais predominou nas redes sociais. Além dos termos "louca", "doida", "maluca", "desequilibrada", "histérica" e "descontrolada", há sugestões para que elas “se tratem”, “se mediquem” ou “se internem em uma instituição psiquiátrica”. O discurso corrobora a ideia de que as mulheres são inadequadas à política institucional, sendo violento a ponto de levar muitas a desistirem da vida política.

“Você é uma vergonha” e “mimimi”: ofensas a candidatas à presidência reproduzem falas de Bolsonaro

As candidatas à Presidência da República Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (UB) foram alvo de 6.661 mil ofensas no Twitter em apenas dois dias. A narrativa foi dominada pela expressão “você é uma vergonha”, presente em 1.050 tweets. Além disso, quase mil (993) tweets usam "mimimi", "vitimismo" ou "mimizenta para ofender ou deslegitimar as candidatas. Mais de 35,7% das ofensas identificadas nos tweets são misóginas, e outras 30,3% chamam as candidatas de "ridícula", "patética", "mentirosa", "hipócrita", "falsa", "pilantra", "imoral", "cara de pau", "aproveitadora", "idiota" e "imbecil".

Mulheres negras e indígenas resistem à violência política no estado mais branco do Brasil

Em Santa Catarina, 81,5% das pessoas se autodeclararam brancas, e o estado não tem nenhum deputado negro. Sua maior bancada feminina na história tem apenas cinco mulheres. Dentro do MonitorA, o Portal Catarinas entrevistou quatorze candidatas nas eleições 2022. 92,9% delas relataram episódios de violência política, 21,4% com motivação racial.

Conflitos de terra e ataques de grupos bolsonaristas: a violência política de gênero no Centro-Oeste

A candidatura de duas mulheres do Centro-Oeste, Simone Tebet (MDB-MS) e Soraya Thronicke (UB-MS), acirrou os ânimos políticos na região. Ambas enfrentaram uma série de ataques nas redes sociais desde o início da campanha. Já as candidaturas a cargos regionais se depararam com agressões diretas nas ruas e até ameaças de morte. O perfil se repete: ataques a candidatas defendendo posições conservadoras e extremistas à direita, com declarado apoio a Jair Bolsonaro. As ligações entre o agronegócio — setor líder em conflitos nas terras indígenas — e o bolsonarismo também aumentam a tensão na região.

“A violência faz parte da nossa realidade, mas vivenciar isso como candidata me assustou”, diz Vanda Witoto, candidata indígena no Amazonas

A campanha eleitoral de 2022 teve 165 candidaturas indígenas deferidas - apenas 0,63% do total de candidaturas. Dessas 165, as mulheres são menos da metade. Com a ajuda de A Lente, contamos a história de Vanda Witoto (35), candidata não eleita a deputada federal. Ela ganhou notoriedade na militância política em Manaus, no bairro Parque das Tribos, que reúne mais de 700 moradores de 35 etnias indígenas.

Ofensas nas redes sociais reforçam misoginia e xenofobia contra candidatas nordestinas

“Vergonha”, “chora” e “burra” foram termos comuns nos tweets e comentários dirigidos a candidatas nordestinas nas eleições de 2022. Apesar de o preconceito contra nordestinos não ser novo, se intensificou desde as eleições de 2018, e está bastante conectado à disseminação de discursos de ódio e intolerância a posições políticas divergentes. Os ataques mostram que, muitas vezes, os agressores sequer sabem quais são os estados do Nordeste, assim como não conhecem sua realidade social e econômica.

Transfobia e violência sequestraram debate sobre candidatas trans e travestis nas redes

Avaliamos o discurso direcionado a 11 candidatas trans e travestis na campanha para o Congresso Nacional, e descobrimos que o debate político que elas tentaram travar nas redes sociais acabou sequestrado por conflitos ideológico-partidários, violência política, debates sobre segurança pública e disputas sobre representatividade de grupos historicamente minorizados. Os comentários transfóbicos somaram uma camada adicional de violência.

“Basta ser mulher para sofrer violência política”, avalia candidata à vice-presidência, Mara Gabrilli

Candidata a vice-presidente na chapa de Simone Tebet (MDB), a senadora Mara Gabrilli (PSDB) se apoiou na Lei 14.192/2021, que tipifica a violência política de gênero, para denunciar ataques recebidos nas redes sociais. Gabrilli defende que a violência política de gênero enfraquece a democracia quando afasta as mulheres do debate político, mas reforça a necessidade de enfrentar o medo.

Macumbeira e Micheque: nas redes sociais, violência da corrida presidencial sobra também para Janja e Michelle

Na eleição mais violenta da história recente do Brasil, as esposas dos candidatos à Presidência enfrentaram ataques intensos. Focadas em religião e corrupção, as ofensas foram quase três vezes mais frequentes contra Janja da Silva, se comparada a Michelle Bolsonaro. A esposa do presidente eleito é mais atacada no Twitter. Durante o período analisado,  ofensas e insultos  estavam presentes em 15% das interações. A ex primeira-dama, que não está na rede do passarinho, recebeu 8% de comentários ofensivos no total analisado.